Frequento redes sociais desde o começo delas no Brasil. Tive IRC, Orkut e circulava pelos bate-papos do UOL. Muito antes, ouvia conversas no 145, o “disque-amizade”, fui PX e radioamador. Aprendi até a telegrafar com o professor Eugênio Silva Filho, no QRV Clube, ao lado de dois gênios daquela arte, Xavier Júnior e Emerson Azevedo Júnior. Sempre gostei de confabular, e alguns mecanismos facilitavam a vida do menino tímido.
A contar dos primórdios, especialmente depois que a Internet
superou o grito, o tambor, a fumaça e o satélite, nunca invadi o espaço das
pessoas ligadas a mim por esses elos invisíveis para falar ou escrever algo que
não fosse edificante. Se discordo, não avanço o território alheio dizendo desaforos
ou tentando impor meu modo de enxergar as pessoas, a religião, a política. No
máximo, ofereço elementos para um debate saudável.
Minhas idiossincrasias nascem e morrem em ambiente próprio. Quem chega ao que produzo por estas bandas, vem de livre e espontânea vontade, suponho, porque gosta do que escrevo ou me tem por gente boa – Entre os tipos de jornalistas, segundo andei lendo por aí, há bons repórteres que são redatores sofríveis, ótimos redatores que são péssimos repórteres, os privilegiados que dominam as duas artes e os que são só gente boa.
Nunca temi críticas nem me ofendem pontos de vista
discordantes. Do contrário, parodiando Drummond, não me contaria de peito
aberto como quem grita, como quem despe a alma em praça pública. Alegro-me
quando o leitor reage e fico triste, à moda Manuel Bandeira, se não tem “motivo
nenhum de pranto”, de riso, de reflexão, de indignação. A única coisa exigida,
em um ambiente civilizado, é a cordialidade no debate.
Em regra, não discuto comentários. Limito-me a “curti-los”
em reverente agradecimento, sejam positivos ou negativos. Deixo para cada
leitor a tarefa de garimpar as ideias em debate e formar sua opinião. Nunca, em
hipótese alguma, vou a redes sociais de terceiros destilar impropérios. Quando
surgem temas polêmicos sobre os quais desejo me posicionar, faço isso por aqui,
com o zelo de não entrar na esfera pessoal de ninguém.
Mesmo assim, tenho me deparado com indivíduos que rompem as
fronteiras imaginárias da Web e, embora sem vinculação às minhas mídias
sociais, alguns escondidos por trás de identidades falsas, tentam me
constranger com indelicadezas. Certa feita, vi-me obrigado a “privatizar” o Instagram
e o Facebook, pois, além de agressões gratuitas, robôs passaram a disparar contra
mim e meus amigos, a ponto de fazer eu me sentir na Matrix.
Estranho. Freudiano, talvez. Se fulano ou beltrana não gosta
de quem sou, do sobrenome que tenho, da minha descrença ou ideologia, do que
penso, da prosa e do verso que entorno pelos bares, da coragem de quebrar tabus
e da louca paixão pela liberdade, por que cargas d’água perde tempo comigo?
Crie tenência, criatura, tome o rumo da venta, porque a única resposta que terá
de mim será a eloquente explosão do silêncio.
5 comentários:
Você é grande poeta e escritor Cide Augusto. A oposição que lute!
Reflexão muito pertinente. Escrita viva!
Você é gente que significa, que faz a diferença.
Reflexão muito pertinente. Escrita viva!
Você é gente que significa, que faz a diferença.
E assim a força da literatura e do poeta Cid, fortalece o jornalismo nosso de cada dia!
Excelente!
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