Bárbara,
lembrei-me
agora do poeta, cronista, músico e jornalista Antônio Maria, que teve o
disparate de compor aquela música horrorosa “ninguém me ama/ ninguém me quer/ ninguém
de chama/ de meu amor”.
De lascar!
Puta merda!
Valei-me,
Nossa Senhora.!
Bangalô três
vezes!
Deus é maior!
Se bem que o
cara tomou a mulher de Samuel Wainer, dono do Última Hora, jornal importante da
época.
Quando me
olho no espelho, as banhas rompendo os umbrais da calça, testa sebenta de
gordura, só me lembro do velho Maria, meu cronista predileto.
Deveria
lembrar de Eneida, sempre nua. Livre!
Tivesse ao
menos o talento dele, mas não.
Um troço, uma
dor de cotovelo infernal – volto ao debate sobre a música –, mas o cara era sensacional.
Leiam “Diário de Antônio Maria” e “Benditas Sejam as Moças” para conferir.
Obrigatório.
Dia qualquer,
entrevista de emprego nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, seu
conterrâneo do Pernambuco, Chatô, o Rei do Brasil, propôs o teste:
- Escreva
sobre Jesus Cristo!
Maria, sem
tomar fôlego, respondeu interrogativamente:
- Contra ou
a favor?
Foi
contratado sem a necessidade de escrever linha sequer.
Quem diabos
argumentaria contra Jesus Cristo? Nem eu, ateu, graças a Deus, faria isso em
circunstâncias cotidianas.
De vez em
quando, convenhamos, até o cristão mais devoto pragueja contra a divindade. Faz
parte.
Mas a vida –
quem sabe a profissão – coloca o sujeito em circunstâncias desconcertantes que
desafiam princípios.
Agora, por
exemplo, aparece o diabo de um trabalho de faculdade. Tema desagradável, vago –
Porra de pandemia!
E a educação
nisso?
Permanecerá
como antes ou a experiência dramática valeu necas de pitibiriba?
Saltamos de 2019 para não sei quando ou qualquer
dia a gente pousa na realidade?
Vou tomar
dois ou três goles uísques para espantar a insônia e mergulhar nas dúvidas.
Respostas
nunca me importaram.
Só delírios
me conquistam.
Os seus.
"Desesperada
e nua", como disse Chico a seu respeito.