sábado, 29 de setembro de 2012

Larissa no O Mossoroense



Uma das pessoas mais importantes para O Mossoroense, nas últimas duas décadas, chama-se Larissa Daniela da Escóssia Rosado, tanto pela competência administrativa quanto pela visão de futuro e espírito democrático que marcaram sua gestão.

Chegou aqui com o desafio hercúleo de restaurar e manter um jornal em sérias dificuldades financeiras decorrentes das perseguições políticas, numa cidade onde ou se tinha acesso aos "favores" do poder público ou se quebrava no outro dia.

Dorian Jorge Freire escreveu certa vez que "fazer jornal no interior é peia". Sempre foi, tanto que, ainda hoje, tem-se notícia de órgãos com dois, três meses de atrasos salariais, mesmo contando com mesada líquida e certa do Palácio da Resistência.

Larissa iniciou o trabalho que deu sustentabilidade à empresa, lançou a proposta de contratar consultorias especializadas, delegou poderes, esforço que resultou num fato importantíssimo: O Mossoroense, há quase oito anos sem receber um centavo sequer da prefeitura, é o único veículo de comunicação da terrinha, além da FM-93 e da TV Mossoró, que se mantém, apesar das dificuldades, sem mostrar o fundo das calças a Gustavo Rosado.

Foi Larissa, por exemplo, quem fez desta uma das primeiras redações informatizadas do Nordeste. Sob sua direção, no período de 1992 a 1998, aposentamos as máquinas de escrever, os tipos móveis, a tesoura, a cola, a granitadeira, o fotolito, e ainda adquirimos uma segunda impressora offset, modelo ATF Chief 25.

O Mossoroense tornou-se, naquela fase da imprensa potiguar, o único periódico fora da capital a vencer a barreira do salário mínimo e pagar aos profissionais o piso fixado nas negociações com o Sindicato dos Jornalistas.

Tudo com muita, muita dificuldade, longe dos investimentos públicos em propaganda, sem mencionar as pressões sofridas pelos pequenos comerciantes. Quem pretendia vender para Estado e município não podia sequer pisar em nossa calçada.

Larissa foi a responsável direta por outra transição importante: a abertura editorial, conferindo a repórteres e colunistas ampla liberdade de atuação, inclusive com opiniões contrárias às da empresa.

O Mossoroense não mente, tem linha honesta e corajosamente definida, declarada, sem prejuízo ao espaço das divergências, graças também à semente lançada por Larissa. Até os idiotas que nos perseguem, tentam nos intimidar com processos judiciais, chantagens e agressões, são tratados com respeitoso profissionalismo.

Não me surpreendem os repetidores de mentiras que dizem o contrário, sem conhecimento de causa. Desapontam-me, por outro lado, pessoas que vivenciaram tudo isso distorcerem os fatos para agradar os atuais patrões ou simplesmente destilar ódio injustificado. Destas, basta comparar os textos de ontem e de hoje.

Larissa deixou o jornal convocada a assumir funções muito mais complexas, reconhecida como uma grande gestora, daquelas que não temem e não amarelam diante das dificuldades.

Essa, a verdade. O resto, conversa fiada.

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DESAFIO: qual veículo de comunicação, de qualquer modalidade, topa testar seus administradores com os nossos, passando apenas seis meses sem receber dinheiro da prefeitura de Mossoró? Quem se habilita?

sábado, 22 de setembro de 2012

Batismo


Augusto Floriano
Autodidata

Batizado em mar sagrado,
num ritual profano
que se repete
quase todas as tardes,
somente no retorno
do último mergulho,
notei as nuvens ruborizadas
por verem
as ondas me despirem
e lamberem
meus pensamentos
cabeludos.

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Augusto Floriano era pseudônimo utilizado por Cid Augusto, autor deste Canto de Página, nos bons tempos do Caderno 2 (hoje Universo) do jornal O Mossoroense.


sábado, 15 de setembro de 2012

Boicote



Há quase oito anos, a prefeitura de Mossoró, sob o comando de um partido que se autodenomina Democratas, não anuncia no O Mossoroense nem paga o que deve ao jornal.

Esse boicote explícito, declarado, além de "desinteligente", como diria meu amigo Caby da Costa Lima, representa abuso de poder, fere a democracia e atenta contra princípios da administração pública, a exemplo da legalidade, moralidade, impessoalidade, eficiência e indisponibilidade.

Muito me espanta o Ministério Público não ter, pelo menos até onde se sabe, instaurado procedimento para investigar a destinação das verbas da propaganda oficial do município para órgãos de comunicação imbuídos, a um só tempo, de incensar o pagante e massacrar quem a este ousa dirigir críticas.

Abrindo pequeno parêntese, vale dizer do Blog do Paulo Doido, criado para esculachar adversários da prefeita, com dezenas de postagens realizadas a partir dos computadores da Secretaria de Comunicação do município e da reitoria da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.

Desvela-se, aí, o segundo ponto dessa perseguição estatal: nossa equipe é constante alvo de agressões por meio de notas que o Palácio da Resistência dita aos órgãos aos quais remunera.

Chega a ser patética, a preocupação da "concorrência" com a linha editorial do O Mossoroense, embora não nos preocupemos em responder, pois o leitor não é burro, ao contrário do que pensam os donos da verdade, e sabe identificar o mentiroso, o pau-mandado.

A terceira face da intolerância, da sanha de calar quem não se vende nem dobra a espinha, é a ofensiva jurídica, processos em massa no intuito de sufocar econômica e moralmente os inimigos do sistema.

No decorrer da última semana, por exemplo, fomos alvo de representação eleitoral para direito de resposta sobre algo que o DEM, o mesmo do combate à liberdade de expressão, teve todo espaço aberto para fazê-lo e não quis.

Sabe por quê? Porque o intuito não era esclarecer nem contestar. O objetivo, pelo teor do material entregue ao juiz, é o de ofender, de humilhar, erro grosseiro cuja repercussão é desconhecida, ao passo que revela os métodos truculentos daqueles que estão por trás da manobra.

De toda sorte, o jornal, como sempre faz, insistiu no posicionamento dos Democratas e o publicou, com mais destaque e em espaço mais nobre do que a notícia "mentirosa".

Assim, permanecemos tranquilos quanto ao cumprimento do nosso dever de informar e esperamos  que a futura administração municipal, seja sob o comando de Edinaldo Calixto, Larissa Rosado, Cláudia Regina, Cinquentinha ou Josué Moreira, encerre o ciclo de perseguições, tratando a mídia com respeito e profissionalismo.

domingo, 9 de setembro de 2012

Poema desnecessário


A lembrança do perfume
nos versos de um poema
desnecessário
abre caminho
para a reinvenção da poesia
que se chega toda prosa,
senta à mesa do bar,
bebe qualquer coisa
e arrebenta a madrugada
na lâmina do seu sorriso.


sábado, 8 de setembro de 2012

Política



Não me envolvo em política partidária. Este ano, por exemplo, compareci apenas a três eventos e estive outras duas vezes num comitê de campanha para tratar de assuntos diversos.

A distância não significa alheamento: tenho parentes envolvidos nas batalhas eleitorais e tento ajudá-los do meu jeito, com ideias, pitaco aqui, pitaco acolá, a torcida, a energia positiva, o sufrágio.

Perdoe-me a imodéstia de acrescentar o item experiência entre as colaborações. Sim, a experiência de quem convive faz quatro décadas com as conquistas e os dissabores dessa seara.

Também sofro. A expectativa do resultado, mesmo diante da certeza da vitória, só se encerra com a apuração do último disquete. Quando não dá certo, é ruim, mas o pior, independentemente do desfecho, é ver pessoas que você ama sendo escoiceadas gratuita e injustamente por indivíduos que lhes devem ao menos respeito.

Não peço voto. Tenho colegas com os quais trabalho há 25 anos no jornal O Mossoroense e nunca tive a curiosidade de lhes perguntar se possuem título de eleitor. Cores jamais figuraram entre os requisitos para contratação dos membros da equipe a qual tenho o privilégio de coordenar.

Aprendi desde menino a conviver com opiniões divergentes, graças à escola de democracia que é a casa de meus pais, pouco me importando as preferências dos amigos ou se eles próprios são candidatos contrários aos de minha preferência.

Em troca, só espero consideração, e me sinto desobrigado com aqueles que ultrapassam os limites da civilidade e passam a distribuir patadas numa demonstração irracional de ódio gratuito.

É como sempre digo: “Crítica é arte. Coice, qualquer jumento dá” e não rima com liberdade de expressão nem combina com cidadania.