sábado, 23 de novembro de 2019

DUAS VERSÕES DE UM SONETO

1) O BARDO E A DONZELA

Hosana nas alturas e eu na terra,
A lua inalcançável do soneto,
Poeta sem encanto ou amuleto,
A razão e o desejo em pé de guerra.

Hosana aqui na terra e eu nas alturas,
A rosa em carnes, ossos e perfumes,
Jardineiro colhendo vaga-lumes
Em meio a fantasias e loucuras.

Hosana toda luz e eu todo escuro,
O verso restaurando a claridade
Das folhas outonais do verbo impuro.

Hosana sobre mim e eu dentro dela,
Gemendo sobre o altar da castidade
No mesmo orgasmo, o bardo e a donzela.



2) O BARDO E A DONZELA

Hosana nas alturas, eu na terra.
Poeta sem encantos, amuletos,
Com razão e desejo em pé de guerra,
Não desperta luares em sonetos.

Hosana aqui na terra, eu nas alturas.
A rosa em carnes, ossos e perfumes
Não vê no firmamento as desventuras
De um louco que cultiva vaga-lumes.

Hosana toda luz, eu todo impuro.
O verbo restaurando a claridade
Das folhas outonais do verso escuro.

Hosana sobre mim, eu dentro dela,
Rasgando, enfim, o véu da castidade
No mesmo gozo, o bardo e a donzela.

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