sábado, 23 de novembro de 2019

DIA SANTO


  
Na face da manhã, tudo é de tarde:
Sete horas com jeitão de meio-dia.
Nem a réstia de sol que aos olhos arde,
Afugenta a preguiça e a apatia.

A tarde tem no rosto o breu da noite:
Doze horas com semblante bem de vinte.
Não acho que uma cama que me acoite,
Seja em qualquer lugar algum acinte.

Lua, enfim, e parece madrugada:
Hora do Ângelus! Céus! Ave-maria!
Cheia de graça é minha rede armada.

O domingo é sagrado? Que besteira!
Dia santo no rastro não traria
Este cão que se diz Segunda-Feira.

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