Nada de novo. Nada muda.
Ou seria tudo se repete? Cansado. Na verdade, exausto. Dia a dia, a luta velha
se reapresenta de maquiagem nova, corte de cabelo da moda e roupas do momento,
mas com os cheiros de anteontem. E o que sobra é lutá-la arreganhando os dentes
com o sorriso do primeiro enfrentamento. A despeito do cansaço. Apesar da
impaciência.
Assim, vou à luta, rogando
todo santo dia, e todo dia de cão também, que essa peleja de culpados e
inocentes afaste-se da minha pena e me deixe partir. Na verdade, voltar. A
exemplo de Ulisses, prefiro a ilha primordial, prefiro a inquietação de Ítaca
ao conforto da imortalidade e ao gozo da ninfa de Calipso. Certas ilhas, disse-me
um gauche, “perdem o homem”.
Vem daí a dificuldade de
juntar dois ou três punhados de palavras que não carreguem na alma aquele
complexo de petição, para arremessá-las e vê-las escorregar de unhas cravadas
na tela estática do computador, rasgando entrelinhas abissais inundadas de suor
no dorso de uma crônica indecente capaz de seduzir às profundezas e desemoçar os
sentidos.
Bandeira, Bandeira!
Fartei-me do lirismo estrito do artigo 5º e da erudição asseada dos doutores. Excelência,
para mim, sempre foi a prosa do Beco da Bosta. E viva Dorian, que nunca disse,
mas ensinou, na prática, que a glória do cronista é a indecência do texto nu,
com vergonhas à mostra, despido de todos os salamaleques em direito admitidos
ou exigidos.
O que se escreve e não
liberta, antes angustia. Nem orgulha nem toca. Um tempo, Cid Augusto,
jornalista por amor, advogado por necessidade, tangedor de prosa e poeta quando
bebe, só escreverá o que quiser. Se quiser. Quando quiser. Por hoje,
entretanto, há de sufocar a rebelião entre as penas, porque a musa não bota pão
na mesa nem uísque na xícara.
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