sábado, 24 de janeiro de 2015

Infinito



(Álvaro de Campos – 1934)
Há sem dúvida quem ame o infinito.


Certa feita sonhei que estava escrito
No raio da estrelinha mais distante,
Branquinha que nem ágata, brilhante,
O segredo das curvas do infinito.

Tentei me aproximar por dez segundos
E li, mesmo de longe e de repente,
Engolidos num rastro de serpente,
Dois símbolos na língua de outros mundos.

Um, representa “amor”; o outro, “vida”,
Tatuados no ciclo sem saída,
Que, se termina, não se sabe quando.

Reza a lenda, que a estrela mensageira
Revela seu mistério a noite inteira,
Mas a gente só vê se está sonhando.

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