Há mais mistérios entre o céu e a
terra do que toda a sagrada filosofia de Juvêncio Bedegueba. Quando o mundo
pensava que meu amigo Bruno Emanuel Pinto Barreto Cirilo cairia na gandaia, depois
das últimas acontecências, o galego surpreendeu amigos e inimigos, em plena
redação do O Mossoroense, com direito a fotografia, bolo e ponche, ao anunciar
que pedirá demissão de jornal, rádio, TV e assessoria de comunicação, bem como
renunciará a toda a forma de pecado, incluindo álcool e rock and roll.
Ateu convicto e militante, ele agora
jura de pés juntos, mãos postas e olhos rútilos que, após década e meia, 26
dias, duas horas, três minutos e nove segundos de árduos embates filosóficos
com nosso editor Márcio Costa, uma centelha de luz divina o penetrou, não no
fundo, garante, mas profundamente, abrindo-lhe os olhos fechados para a
espiritualidade desde quando frequentava as moçoilas do Canto do Mangue, o Alto
do Louvor de Natal, sendo que na parte debaixo do vestido da Noiva do Sol.
A coisa é tão impressionante que
até me esqueci dos pontos, limitando-me praticamente a vírgulas nos parágrafos
anteriores, num emaranhado de orações subordinadas. Perdão, leitor, se o fiz
perder o fôlego. Também estou afogueado. O anúncio do pequeno Barreto, sobrinho
preferido de Emanuel Barreto, o Velho Barreto, meu querido professor da
faculdade de jornalismo da UFRN, tomou-nos de supetão, em especial o desfecho:
vai se mudar de cidade, de Estado, de País, tudo em prol de nossas almas.
Digo “nossas almas”, assim, convicto,
porque ele, já distribuindo as primeiras vibrações positivas, assegura que
intercederá por nós lá do Tibet. Sim, o Tibet, a capital espiritual do
Universo, onde passará os sete primeiros anos de sua jornada em busca da
verdade, ouvindo todos os supostos envolvidos nos enigmas da fé. A viagem, diz
ele, começará 31 de fevereiro de 2015, no Templo dos Monges Virgens de Lhasa, a
3.683 metros acima do nível do mar, entre o Palácio de Potala e o Templo de
Jokhang.
Inspirado nele, doravante meu
líder espiritual, guru, futuro braço esquerdo do Dalai Lama, retiro-me da noite.
Adeus, Snob, Psiu, Realce, Ferrão, Marrom Glacê, Burburinho, Vênus. Renego a
cachaça, nada de Tatuzinho, Murim Mirim, Malhada Vermelha. Entrego-me ao
celibato amplo, geral e irrestrito, sem anistia, certo de não voltar a cair nas
tentações de Dorinha, Do Céu, Bataclã, Casa Grande, Paraibana, Creuza. Boêmia,
não chores por mim, a santidade me espera, por obra de Bruno Barreto.
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