sábado, 13 de julho de 2024

O Centro

No Centro, toda cidade é igual. Lojas sedutoras, vendedores nervosos, metas intangíveis, um emaranhado de carros motos carroças bicicletas buzinas freios pedestres gritos pregões... A moça atravessa a rua interrompendo o tráfego e a narrativa. Por vontade ou inveja, todos olham. Eu só observo enquanto faço a ponta do lápis... Tanta gente dividida entre o necessário e o sonho de consumo, entre a pinga no espetinho que oferece carnes duvidosas e o suco com bolo de chocolate na lanchonete grã-fina. Alguns pedem, tantos negam; uns comem e bebem, outros dão o goto em seco. Agora, às 11h16, há multidões vazias na calçada da principal. Mais tarde, silêncios engolirão esquinas e becos, nos quais anoitecem utopias cobertas de trapos e papelões. Que loucura! Tudo começa. E acaba. E recomeça. E recomeça e acaba e começa naquele lugar estranho. Enfim, não trago novidade. Quem vive o Centro, onde me desencontro aqui e acolá, sabe como é viver o paradoxo em si.

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