quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

JARARACA


No sertão, quando os céus não choram chuvas

E o vento espalha o pó dos boqueirões,

Chovem balas e brotam Lampiões

Dos túmulos dos olhos das viúvas.

 

Há sujeito que é gente e é serpente,

Matador diabólico, infernal,

Que despacha culpado ou inocente

No veneno do brilho do punhal.

 

Jararaca rebenta as terras mortas

Por veredas um tanto quanto tortas

No seu rastro de sangue, ferro e fogo.

 

Se ele morre, renasce em outro canto

Ou então vai ao céu e muda o jogo

Volta aqui, faz milagre e vira santo.