Nunca me lembro dos aniversários das pessoas, apesar dos avisos do Facebook. E isso inclui pai, mãe, irmãos, mulher e filhos. Beirando meio século de vida, às vésperas do exame anual de próstata, até a minha data natalícia tenho feito questão de esquecer.
Portanto,
não vou mentir dizendo que recordei assim, do nada, como que tomado por uma
epifania. Foi Caio César Muniz quem me escreveu ontem: “Poeta, lembrando: amanhã
101 anos de Vingt-un”.
Todo mundo elege
um “braço direito”. Vingt-un, pela deficiência auditiva acentuada, precisava, na
verdade, de um “ouvido direito”, que era o bom e velho Muniz, versejador inspirado,
jornalista competente, editor, boêmio e mais um monte de coisa.
Tenho o
privilégio de os haver apresentado, um ao outro. Depois conto essa história,
que, de tão maravilhosa, merece espaço próprio.
Jerônimo
Vingt-un Rosado Maia, caçula dos 21 filhos de Jerônimo e Isaura Rosado, foi quem inventou a
expressão “País de Mossoró”, inspirou a criação da Esam – hoje Ufersa –, da Biblioteca
Ney Pontes Duarte, do Museu Lauro da Escóssia e de tantas outras instituições culturais,
sendo a maior delas a Coleção Mossoroense, com milhares de títulos publicados.
Era meu
tio-avô e, apesar da diferença de idade, fomos grandes amigos. Tanto que, certa
vez, mandou deixar um livro para mim, na redação do jornal O Mossoroense,
com uma dedicatória que demorei a decifrar – porque a letra dele, como afirmava
Cascudo, era ruim até escrita à máquina –, mas que dizia: “Quem disse que eram
21? Você é o 22”.
Saudade de você, meu tio, meu mestre, meu amigo. E meu irmão.
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