De volta à Universidade Potiguar
(UnP), onde me formei em direito, agora na condição de professor, fiz questão
de visitar um dos locais prediletos dos meus tempos de estudante: a biblioteca.
Lá, dirigi-me à sessão de letras, na qual sempre me surpreende a presença de
Bakhtin. Quem, onde não há cursos nessa área, anda lendo Estética da Criação
Verbal, um dos meus prediletos, para justificar tantos exemplares da mesma obra?
A novidade, contudo, foi me
deparar com os Cem Poetas de Mossoró, coletânea organizada pelo vate Caio César
Muniz, em que, por gentileza do amigo e colega de trabalho no O Mossoroense,
compareço com um poeminha raquítico, de meia pataca, sem expressão que
justificasse sua adição aos outros noventa e nove. É uma espécie de “obra”
dentro da obra com o selo da Coleção Mossoroense, do mestre Vingt-un Rosado.
Mas tive sorte. Os versinhos
tortos ganharam disfarce de linha reta no texto dedicado a mim por Antônio
Rosado Maia, no livro achado na horizontal, indicando que ao menos o folhearam há
pouco, enquanto outros padecem na espera vertical da prateleira. Grande Toinho!
Não obstante o diminutivo do apelido, grande no físico, na moral, na coragem, na
polêmica, na inteligência, agora em festa, feito criança, por receber Anabela.
Anabela Vicente Alexandre não era
apenas a Anabela de Toinho Rosado, como todos a conhecíamos. Era um múltiplo, esposa,
mãe de Dadazinha, advogada, artista plástica, versada em música e literatura,
amiga incondicional, daquelas que sabem o momento e a forma de nos oferecer a
palavra. Tenho o privilégio de haver convivido com ela e Toinho, em especial
nos sábados etílico-culturais do Sertão Lusitano ou Sertão Verde, como queira.
“Quem é ateu e viu milagres como
eu”, caetanamente falando, deve suspeitar que não encontrei a obra de Caio
Muniz, poeta da admiração de Toinho. A obra que se lançou aos meus olhos, no
dia seguinte à partida de Anabela. Foi como se me dissessem, os dois, que
finalmente se reencontraram e que a morte apenas cumpriu o papel de libertá-los
das amarras do corpo físico para fazê-los felizes para sempre na eternidade da
memória.
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