sábado, 14 de dezembro de 2013

Viva Madiba!


Corriam os anos 1980, quando ouvi em Salvador um artista de rua entoar no Pelourinho "Libertem Nelson Mandela", espécie de lema internacional contra o apartheid na África do Sul. Para ser sincero, não sabia de quem o sujeito falava, mas fiquei impressionado e comovido.

Busquei respostas na biblioteca de casa, já que não existiam as facilidades da Internet, o "professor" Google, essas coisas todas. E nela estava uma referência a Madiba, a partir da qual passei a ler tudo o que fui encontrando sobre ele, especialmente textos jornalísticos.

Naquele tempo, a "Grande Imprensa" vencia com dificuldade as barreiras geográficas do País e pouco nos chegava. Meu avô, que se revezava entre Brasília e Mossoró, costumava presentear-me quinzenalmente com edições da Folha de S.Paulo e do Correio Braziliense.

Sabedoras dessa admiração, algumas pessoas, sempre que encontram, mandam para mim publicações, souvenirs. Guardo com o maior carinho a camisa com a caricatura e a coletânea com discursos dele, que meus pais compraram e me trouxeram de Joanesburgo.

Livros, tenho por aqui "Os caminhos de Mandela", "Nelson Mandela - conversas que tive comigo" e "Longo Caminho Para a Liberdade", os dois últimos dele próprio e o primeiro de Richard Stengel. O segundo é prefaciado por Barack Obama. O derradeiro já virou filme.

Li que ele gostava de um trecho de "Júlio César", de Shakespeare, sobre a perplexidade frente a morte. Selecionara-o a pedido de um colega de cárcere, na cela onde passou quase os 27 anos de sua prisão política, lugar tão pequeno que o obrigava a dormir curvado.

"Covardes morrem muitas vezes antes de suas mortes.
O bravo sente o gosto da morte uma única vez.
De tudo que vi
O mais estranho é que os homens tenham medo,
Já que a morte, um fim necessário
Vem quando vem".

Recorro então a Shakespeare e garanto que a morte veio, mas não veio para Nelson Mandela, pois nem ela teria o poder de sepultar a memória de quem, na luta contra dominadores brancos e dominadores negros, fez-se história como sinônimo de humanidade. Viva Madiba! 

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