Hoje, quero medir, saber quantas
linhas um homem triste é capaz de escrever sem se envenenar, e sobre o que lhe
sobra escrever sem autobiografar a teoria.
Homem triste!
Resto do resto, sobejo do nada,
poema cafona, prosa desgrenhada, parceiro de porra nenhuma.
Homem triste!
Gota de veneno no mar de felicidade
que transborda num brinde ao passado, abre aspas, maldito, fecha aspas.
Criatura monolítica, quebrantada
em parágrafos, empachada de vírgulas.
De pontos. De vistas. De pontos. Cegos.
De pontos. Mudos. De pontos. Moucos. De pontos. Insípidos. De pontos. Inodoros.
Ponto.
Exclama tanto que soluça, perde a
voz, engasga-se na confusão do lusco-fusco do texto meio noite meio dia.
Pergunta-se.
O que aconteceu entre nós, com
sorte?
Quem deu o golpe fatal?
Quando virá a misericórdia?
Onde enterrarão a sombra do
cadáver insepulto?
Como o diabo aproveitará uma alma
em frangalhos?
A geografia do homem triste é uma
ilha na lama.
Sua história, o mal do século, a
hemoptise.
Homem triste!
Pulsos cortados, navalha de
absinto, tédio, ódio, a puta que pariu, o corno que apanhou.
Aquele que vaga entre os vivos carregando
o estandarte do purgatório.
O cafona, o ultrapassado que ouve
Nora Ney cantar Antônio Maria: "Ninguém me ama/ Ninguém me quer".
Cansaço de tudo.
Cansaço.
Fim!
O túmulo do homem feliz.
Um comentário:
Cid, aqui é carlinho do antigo face oposta de teatro.O gordinho palhaço não, o outro. Tú tá escrevendo de mais. parabéns. E essa foto sua. sei não, já deve ter uns dezanos.um Abraço.Encontrei esse blog hoje.
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