sábado, 17 de agosto de 2013

Resistência


 Sou do tempo em que jornalista diplomado era persona non grata nas redações de Mossoró. Os primeiros que chegaram à cidade comeram o pão que o diabo amassou para se estabelecer, exceto os que frequentavam o meio antes de conquistar o canudo.

Durante 16 anos, até me graduar na UFRN, atuei como "provisionado", espécie de repórter sem formação acadêmica específica que exerce o ofício com autorização expressa do Ministério do Trabalho, algo em desuso desde a derrubada da exigência do diploma.

Muitos colegas da velha guarda protestaram quando passei no vestibular. Canindé Queiroz, um dos maiores polemistas da mídia norte-rio-grandense, telefonou parabenizando-me pela aprovação, mas não sem lamentar meu “rebaixamento de profissional a estudante”.

Pouco antes, em agosto de 1998, levei ao reitor José Walter da Fonseca a proposta de se criar um curso de comunicação na Uern. Isso, na condição de menino de recado do saudoso amigo Rogério Bastos Cadengue, que nos deixou aos 11 de setembro daquele ano.

O reitor anuiu e logo em 2002 o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão oficializou o sonho que Rogério infelizmente não viu realizar-se. Na verdade, Walter fez mais, porque além da habilitação em jornalismo estendeu o processo seletivo para publicidade e rádio e TV.

De lá para cá, o Curso de Comunicação da Uern vem evoluindo e mudando a cultura das nossas redações, onde os diplomados já superam em número os práticos, com destaque para a excelência dos professores que, embora sem estrutura, conseguem formar bacharéis de alto nível.

Semana passada, eu que percebo essa evolução acadêmica no dia-a-dia, graças à convivência com colegas formados ali, fiquei emocionado ao testemunhar outro exemplo de amadurecimento do curso: o documentário "Resistência", que narra a história d'O Mossoroense.

O vídeo feito pelos alunos Cleania Silva, Francinaldo Rafael, José de Paiva Rebouças, Ramon Vítor, Rayane Medeiros e Rosalba Moreira, orientados pela professora Márcia Pinto e com apoio de Edileusa Martins e Oziel Peixoto, tem padrão de mercado.

Só não digo que ficou impecável, por causa de minha presença entre os entrevistados.

De qualquer modo, resta a nós do jornal de Jeremias da Rocha Nogueira, primeira escola de jornalismo desta província, agradecer pela homenagem e registrar nosso reconhecimento à importância do Curso de Comunicação da Uern para o desenvolvimento da imprensa potiguar.

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