sábado, 25 de agosto de 2012

ROGÉRIO DIAS CONTRA A VIOLÊNCIA


O artista plástico Rogério Dias iniciou, nas redes sociais, uma intensa campanha contra a violência em Mossoró. Pouco antes, estive na casa dele, onde conversamos sobre o assunto, a necessidade, segundo me disse, do apoio de empresários, representantes de entidades de classe, autoridades, com o cuidado de não partidarizar a coisa.


Lembrei-me dos meus tempos de repórter de polícia, em fins da década de 1980, início dos anos 1990, quando os ditos elementos perigosos limitavam-se a arrombar residências vazias e furtar toca-fitas de carros. Crimes violentos de fato eram raros na crônica policial, e os homicídios geralmente decorriam de circunstâncias fortuitas.

Havia os maconheiros tradicionais, pequenos traficantes da erva maldita e figuras curiosas chegadas a atos de zoofilia.  Até confusão entre vizinhos podia gerar noticiário, dada a escassez de material jornalístico no setor.

Não dá para se esquecer dos infelizes detidos por “embriaguez e desordem”. Certo delegado costumava, às segundas-feiras, promover a soltura coletiva desses indivíduos e, se o caso fosse de briga, os valentões tinham que sair abraçados e assim caminhar até o outro lado da rua.

Aqui no centrão, onde se localiza o jornal, sempre me deparo com deliquentes das antigas, todos aposentados, vivendo de lavar e pastorar veículos, de vender artesanato. Nenhum deles, por pior que fosse, amarraria a chuteira dos meninos de 15, 16, 17 anos de hoje, envolvidos com tráfico de drogas e assassinatos.

Garotos com pistolas de grosso calibre atravessadas na cintura, crianças e adolescentes com várias mortes nas costas, causadas desde a disputa por pontos de tráfico até pequenas dívidas contraídas por usuários de entorpecentes.

Cento e oitenta e cinco homicídios em 2011, oitenta e sete em 2012. Talvez por isso o Palácio da Resistência tenha criado o epíteto “metrópole do futuro”, sendo a violência a maior ou talvez a única característica.
Quem, nos velhos tempos, imaginaria tal realidade em Mossoró? Certamente ninguém, do mesmo modo que jamais cogitei perder colegas de trabalho para o crack, mentes brilhantes reduzidas ao vazio por essa droga dos seiscentos diabos, que rouba a humanidade dos seus usuários, transformando-os em zumbis.

Daí o grito quase solitário de Rogério Dias, ao qual me somo neste artigo e no apoio à difusão do material produzido por ele. Façamos algo, pois, como nos alerta o publicitário, poeta e polemista, qualquer um de nós pode ser a próxima vítima.

Nenhum comentário: