Augusto Floriano
Autodidata
A estrada caminha
pisando os meus pés,
enquanto a beleza da moça
é assassinada pelo tempo
e posta na cova rasa da distância.
Chega a velha magra
com hálito indiferente,
pergunta por meus mortos,
um atalho até eles.
Respondo,
depois seguimos juntos.
Há muita lama na vereda larga,
mas nossos pés atolados no barro
estão limpos.
“Cuidado!”
- diz o homem sem rosto -
“essa trilha é perigosa.
Ninguém sabe
o que existe sob a água.”
A sombra completa:
“Não convém prosseguir,
a luz está pálida,
o destino não é breve.”
Acordo muito tarde,
o suor já ensopou os lençóis
da cama desta noite.
Não vale mais a pena
cuspir palavras doces.
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