sábado, 12 de maio de 2012

Doutor Saraiva



Aprendi na escola de Vingt Rosado, meu saudoso avô, que solidariedade verdadeira manifesta-se espontânea e publicamente. Por isso, aqui estou, sem meias palavras, para hipotecar ampla, geral e irrestrita solidariedade ao desembargador Francisco Saraiva Dantas Sobrinho, apontado de maneira injusta como um dos envolvidos na operação “Sinal Fechado”.

Seu acusador, empresário Alcides Fernandes Barbosa, para fazer jus a benefícios da delação premiada, saiu-se com um absurdo. Segundo ele, o magistrado teria beneficiado a quadrilha, influenciado por João Faustino Neto, ao declinar da competência para julgamento de interesses do “Consórcio Inspar”, centro das falcatruas, remetendo o assunto à Justiça Federal.

Qualquer pessoa, com o mínimo discernimento jurídico, sabe que a decisão de Saraiva, ao contrário do que disse Alcides, foi ruim para os interesses da quadrilha. Benefício seria uma sentença favorável, na lata. A remessa do processo para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) acarretaria, sem dúvida, maiores dificuldades para o licenciamento pretendido.

Para início de conversa, o caso seria redistribuído eletronicamente assim que chegasse ao TRF5, podendo cair para qualquer dos integrantes daquela corte. Diante desse pormenor, e dizem que o diabo mora nos detalhes, estaria o delator premiado dizendo, indiretamente, que o Inspar influenciaria, além do nosso conterrâneo potiguar, 15 desembargadores federais.

Acompanho o trabalho de Saraiva desde o tempo em que, na condição de repórter policial, testemunhei seus esforços para consolidar um dos institutos mais importantes da Justiça mossoroense: o Tribunal do Júri Popular, espaço democrático em que cidadãos comuns decidem o destino de seus iguais envolvidos nos chamados “crimes dolosos contra a vida”.

De lá para cá, passados vinte e tantos anos, nunca ouvi comentário desabonador à conduta do magistrado e, diferentemente da interpretação de alguns colegas, considero as declarações de Alcides Fernandes como prova de que, se houve pressão, esta não produziu efeito, afinal, repito, a decisão “suspeita” fechou pelo menos um sinal para a turma do Inspar.

Um comentário:

Anônimo disse...

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