sábado, 24 de dezembro de 2011

Palavras e amigos


Muito cuidado com as palavras na hora de lidar com os amigos. Pequenas frases, aparentemente inofensivas, podem ser mal-interpretadas e desgastar ou até mesmo destruir belas amizades. Digo isso porque na última segunda-feira descobri, sem querer, que uma amiga das mais queridas estava magoada comigo, por causa de um comentário bobo feito há semanas.

Talvez o momento impróprio. Talvez o tom de voz, o barulho do ambiente, o uísque, a música do Pink Floyd protestando contra o controle social. Talvez insensibilidade minha. Talvez o estado de espírito dela. Talvez semântica, semiótica, ruído de comunicação, comida macrobiótica, o Sítio do Pica-Pau Amarelo, a cachorra da moléstia, o diabo a quatro. Talvez, talvez, talvez.

Pode ter acontecido qualquer coisa, e isso não importa. Importa o malfeito a ser reparado. Importa a lástima, a lâmina, a lágrima. Importa a tristeza, a vontade de não abrir os olhos, a vergonha, a consciência, a autopunição por haver usado falas equivocadas, a escolha da ironia abstrata, vaga, obscura, quando o instante clamava por solidariedade concreta, firme, cristalina.

Cuidado nas palavras e nas amizades. Tente uni-las na medida certa, no dizer e no ouvir. Tão importante quanto o texto é a compreensão que se tem dele para diferenciar brincadeira e insulto. Se houver problemas no arrazoado, não se constranja, pois as pessoas podem até não interpretar bem certos comentários, mas aceitam de bom grado o pedido de desculpa de um amigo.

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