Muito cuidado com as palavras na hora de lidar com os amigos. Pequenas frases,
aparentemente inofensivas, podem ser mal-interpretadas e desgastar ou até mesmo
destruir belas amizades. Digo isso porque na última segunda-feira descobri, sem
querer, que uma amiga das mais queridas estava magoada comigo, por causa de um
comentário bobo feito há semanas.
Talvez
o momento impróprio. Talvez o tom de voz, o barulho do ambiente, o uísque, a
música do Pink Floyd protestando contra o controle social. Talvez
insensibilidade minha. Talvez o estado de espírito dela. Talvez semântica,
semiótica, ruído de comunicação, comida macrobiótica, o Sítio do Pica-Pau
Amarelo, a cachorra da moléstia, o diabo a quatro. Talvez, talvez, talvez.
Pode
ter acontecido qualquer coisa, e isso não importa. Importa o malfeito a ser
reparado. Importa a lástima, a lâmina, a lágrima. Importa a tristeza, a vontade
de não abrir os olhos, a vergonha, a consciência, a autopunição por haver usado
falas equivocadas, a escolha da ironia abstrata, vaga, obscura, quando o
instante clamava por solidariedade concreta, firme, cristalina.
Cuidado
nas palavras e nas amizades. Tente uni-las na medida certa, no dizer e no
ouvir. Tão importante quanto o texto é a compreensão que se tem dele para
diferenciar brincadeira e insulto. Se houver problemas no arrazoado, não se
constranja, pois as pessoas podem até não interpretar bem certos comentários,
mas aceitam de bom grado o pedido de desculpa de um amigo.
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