sábado, 11 de setembro de 2010
Os vinte e um de Seu Rosado
A matéria remunerada com nosso pobre dinheirinho na qual a Veja inclui Mossoró entre as “metrópoles do futuro” atiçou a curiosidade sobre a descendência de Jerônimo Rosado. Entre os erros verificados no texto, que estragaram a propaganda, está a invenção de dois meninos que as mulheres do patriarca nunca tiveram: Jerônimo Premier e Jerônimo Second.
Seu Rosado nasceu em Pombal-PB, aos 8 de dezembro de 1861, filho de Jerônimo Ribeiro Rosado e Vicência Maria da Conceição Rosado. Formou-se em Farmácia no Rio de Janeiro, onde atuava como fiscal da iluminação pública. Voltou ao seu Estado em 1889, quando abriu a primeira botica em Catolé do Rocha e desposou Maria Rosado Maia, a Sinhazinha.
O casal teve três filhos: Jerônimo Rosado Filho, médico, farmacêutico e poeta, morto aos 30 anos; Laurentino Rosado Maia, falecido criança; e Tércio Rosado Maia, farmacêutico, odontólogo, advogado, poeta, pioneiro do cooperativismo brasileiro, comerciante de livros usados, professor universitário. Sobre “Premier” e “Second”, só a fonte maluca de Veja ouviu falar.
Sinhazinha partiu em 1892, pouco depois do último parto, vítima de tuberculose. No leito de morte, conforme relata mestre Luís da Câmara Cascudo, pediu “que o marido a fizesse sepultar no Catolé do Rocha, na terra onde nascera. E casasse com sua irmã Isaura, para que não tivessem madrasta, mas outra mamãe os dois pequenos órfãos, Rosadinho e Tércio”.
Reivindicações atendidas: o corpo de Maria Amélia foi sepultado naquele recanto sertanejo e o viúvo, de 32, casou-se com a cunhada, de 17 anos, em 1893. A noiva se mudou para Mossoró, onde o marido residia e para onde transferiu os negócios em 1890, a convite do médico e líder político Francisco Pinheiro de Almeida Castro, patrocinador da drogaria.
Do segundo enlace advieram 18 rebentos, nem todos chamados “Jerônimo” e nem todos numerados, contrariando a lenda contada à revista para desgraça do repórter desavisado. A lista é grande, mas o interesse, creio, é ainda maior. Por isso, transcrevo-a com base nas certidões de nascimento e casamento colecionadas por Cascudo, na biografia de Seu Rosado.
Izaura Rosado (com z)
Laurentino Rosado Maia (homônimo do segundo)
Isaura Sexta Rosado de Sá
Jerônima Rosado, que tem como apelido o nome de “Sétima”
Maria Rosado Maia, que tem como apelido “Oitava”
Isauro Rosado Maia, que tem por apelido “Nono”
Vicência Rosado Maia, que como apelido o nome de “Décima”
Laurentina Rosado, que tem como apelido o nome de “Onzième”
Laurentino Rosado Maia, que tem como apelido “Duodécimo”
Isaura Rosado, que tem como apelido o nome de “Trezième”
Isaura Rosado, que tem como apelido o nome de “Quatorzième”
Jerônimo Rosado Maia, que tem como apelido o nome de “Quinzième”
Isaura Rosado Maia, que tem como apelido o nome de “Seize”
Jerônimo Rosado Maia, que tem como apelido “Dix-sept”
Jerônimo Dix-huit Rosado Maia
Jerônimo Rosado Maia, que tem como apelido o nome “Dix-neuf”
Jerônimo Vingt Rosado Maia
Jerônimo Vingt-un Rosado Maia.
Exatamente dessa forma estão os documentos reproduzidos na obra cascudiana “Jerônimo Rosado – uma ação brasileira na província – 1861-1930”, inclusive com a curiosa expressão “que tem como apelido”. Quem quiser, consulte o livro na biblioteca pública ou no acervo da Coleção Mossoroense, porque o meu não empresto nem por cem e uma cocada preta.
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