sábado, 11 de dezembro de 2010

Quem é você que não sabe o que diz?



O povo teoricamente representado na Câmara Municipal de Mossoró (CMM) está entre a espada e a caldeirinha. Não sabe o que diz: pedir a continuação do “G de 6” ou mudar para o “G de 4”, porque este mais aquele, noves fora, nada.

Crentes na matemática, o primeiro se soma ao Palácio da Insolência a fim de se manter por cima da carne seca, enquanto o segundo sofre no afã de chegar ao poder no tranco, empurrado por outro “G”, o “de 3”.

Ambos costumam recorrer a artifícios cretinos, extraplenário, no intuito de “orientar” a linha editorial dos veículos de comunicação e manipular a opinião pública. Na maioria das vezes, convencem. São irresistíveis.

Curvo-me, mostro o fundo das calças se necessário, só para ter o privilégio de lhes depositar aos pés um surrado diploma de jornalista e a experiência adquirida em quase 25 anos, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade, na luta vã das palavras, no suor da colheita de ideais “para meu sustento”.

O escândalo que se vê nas poucas páginas livres é nada diante da pocilga construída nos bastidores dessa disputa de pigmeus nutridos a base de azul de metileno, num episódio reverso aos da obra de Pierre Culliford. Na Megalometrópole do Nunca, o bruxo e seu gato cruel são as personagens do bem. Pode? Pode!

Rodolfo Fernandes, o saudoso prefeito herói, com certeza revira-se no túmulo exigindo a retirada do seu nome da condição de patrono daquele ambiente que doravante pode ser batizado de “Palácio de Lampião”.

Em meio a tanto chafurdo, garanto, você não se perguntou quantos motivos causaram o racha na bancada neoblue, origem da Mocidade Independente da Panela do Amaro; por quais circunstâncias os de quatro desconfiam tanto da infidelidade uns dos outros, a ponto de promoverem retiros rurais para se vigiarem; de onde vem a fé dos que permanecem tementes a Deus.

Faça isto, questione-se. Ao descobrir que tanto Inês de Castro quanto Maria Preá estão mortas e sepultadas, sem possibilidade de ressurreição até 2012, não se angustie, pois hoje é o centenário de Noel Rosa, dia de samba.

Então, “... Salve Estácio, Salgueiro, Mangueira,/ Oswaldo Cruz e Matriz/ Que sempre souberam muito bem/ Que a Vila não quer abafar ninguém,/ Só quer mostrar que faz samba também...”. E tem mais: “... A Vila é uma cidade independente/ Que tira samba, mas não quer tirar patente/ Pra que ligar a quem não sabe/ Aonde tem o seu nariz?/ Quem é você que não sabe o que diz?”.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Sem crônica
Em dias crônicos não há crônica.

Nem título
Rótulos deturpam o nada.

Muito menos
Ideia que se alinhe na métrica dos parágrafos. Daí, a deselegância, o desalinho, o sem-vontade dos cânticos negros. Não, não vou por aí... Passos meus, onde estão, por que não me guiam?

E
O que se escreve em dia desses? Sonetos de amor, poemas de ódio, notinhas bem-comportadas, textos sacanas?

Fazer
Igual ao papagaio que pensa em voz alta diante da máquina de escrever: em quem baterei amanhã? Em quem baterei amanhã? Em quem baterei amanhã?

Protestar
Contra os algozes do Wikileaks, os diplomatas sem diplomacia pagos por Tio Sam para ridicularizar o mundo?

Silenciar
Por medo dos senhores dos cargos e dos orçamentos, sobre as intenções do Gê de Quatro? Deve ser a idade...

Chega
De interrogações, que já estou de saco cheio!

Contar
Que A Mais Bonita acaba de me telefonar com os vinhos à flor da pele, ouvindo a música do tempo em que o tempo era noite e a noite era a alma e a alma se escondia debaixo dos lençóis talvez faça bem ao ego um tanto quanto baleado, sem chance de defesa, muito menos de ataque.

Gostaria
De me dirigir a Deus, encorajado que me sinto pelas memórias de Gilberto Freyre, com minhas próprias palavras, sem os subterfúgios mal-empregados neste ou naquele texto meio concretista, meio surreal.

Dizer
A ele ou a ela, na dúvida sobre o sexo das divindades, que a culpa das pragas do mundo não é dos ateus, mas dos teus (apesar do desrespeito à lógica gramatical), mercenários do verbo alheio, jagunços de olhos azuis, crentes neles e não nele.

Senhor
Dá-me inspiração. E paciência!