terça-feira, 1 de novembro de 2016

E eu
que não creio
em deus
me pego em oração
entre
as coxas

de uma santa

JARDINEIRO


Cid Augusto - 20.10.2016 - Dia do Poeta

Tudo o quanto sacode à flor da vista
São marcas do jardim revisitado
Pelos olhos furtivos de um artista
Que se vê nas ruínas do passado.

Dos escombros, silêncios vão e gritam
Sem dó nem piedade da garganta,
Que embora se arrebente não se espanta
Com versos estridentes que a fustigam.

As palavras sussurram loucamente:
Elas riem e choram num instante,
Depois choram e riem de repente.

São vozes da loucura, a fantasia
Do jardineiro velho, delirante,
Que planta pedra e colhe poesia.
MOTE
MAS A LUA SE ESCONDEU
PARA NÃO ME VER CHORAR

GLOSA
Quando em mim anoiteceu,
Nebuloso e sem estrela,
Implorei, queria vê-la,
MAS A LUA SE ESCONDEU.
Sumiu, desapareceu
Das canções do meu olhar.
E eu fiquei a imaginar,
Entre a certeza e o talvez,
Que ela fez tudo o que fez
PARA NÃO ME VER CHORAR.