sábado, 29 de junho de 2013

Viva la revolución!


Protesto! Não sei o motivo, mas... protesto!

Por tudo.

Por nada.

Para entrar na moda.

Para ser phoda.

Legal.

Protesto porque a rebimboca da parafuseta, desgastada pelas elites reacionárias, afolotou-se no eixo meridional do pino da grampoula.

Em razão do endireitamento perpendicular da esquerda.

Protesto por Mossoró não ter nem ônibus para eu protestar contra o preço da passagem.

A prefeitura de todos não contratou as bailarinas do Faustão para o Mossoró Cidade Junina. Protesto.

Protesto porque o jornal, o PIG, deu conta de bombas e prisões num protesto, afinal jornal bom é jornal que diz amém e mostra o fundo das calças, sem protesto.

Pela constatação de que pimenta na democracia dos outros é refresco. É claro e escuro que protesto.

Contra o Johnnie Walker falsificado, burguês, decadente. Falso!!!

As minissaias que prometem, mas não mostram.  Pro-tes-tô! Pro-tes-tô!

A morte, que não deixa as pessoas viverem em paz.

A extinção da Família Dinossauro, a censura ao último episódio da Caverna do Dragão e o fim da Sociedade do Anel.

Comida macrobiótica, Coca-Cola diet, guaraná do amazonas light, suco de Solanum agrarium industrializado.

Lula, FHC, Marina Silva, Sarney, Renan Calheiros. Ah, Collor!

Os carapintadas, os carapálidas, os cara...

Protesto em prol de alterações filosóficas no curso do rio Apodi e pela urgente transposição da Bacia da Bosta.

Aquele batom naquela boca. Pro  tes   to.

Protesto porque Lampião nunca vence um Chuva de Bala e Jararaca vive se fazendo de santa na cidadela.

Contra as ereções involuntárias e a masturbação intelectual.

Protesto porque quero.


E pronto!

sábado, 8 de junho de 2013

"Para você não se esquecer"


Frequento o Colégio Diocesano para deixar ou pegar o caçula. Não consigo traduzir em palavras a felicidade de entrar ali, rever antigos mestres, ex-colegas cujos filhos são amigos de meus filhos, abraçar Tia Mundinha, observar Padre Sátiro orando na capela.

O contato com a escola da infância é sempre aquela festa que, na sexta-feira, ganhou dimensão especial. Tia Edina, professora de meus irmãos mais novos, aguardava-me com uma encomenda e um recado: "Mundinha disse que isto é para você não se esquecer".

Dentro do envelope branco, imediatamente aberto, a cópia xerográfica da página 5 do jornalzinho "Diocesano Informa", onde publicaram o artigo "O Diocesano do meu e de outros tempos", que escrevi há 12, 15 anos, com divulgação também no O Mossoroense.

Textozinho fraco, mas rico em sentimentos que se renovam nas gerações atuais de alunos, característica que o mantém fora da lixeira. Além disso, o carinho de Tia Mundinha, em guardá-lo tanto tempo, dá-me a ilusão de que eu não escrevia tão pior naquela época.

Impossível esquecer o Santa Luzia, 112 anos de juventude. Mesmo se não estivesse ali, em tijolo, concreto e telhas, na Doutor João Marcelino, de frente à praça Dom João Costa, "tudo lá" me parece "impregnado de eternidade", como na evocação de Manuel Bandeira.

Os corredores, as salas, o sino, o pé de manga, o cheiro do café de dona Raimunda, os pátios, as salas, os primeiros alumbramentos, as traquinagens, a humanidade pulsante, enriquecem a arquitetura espiritual das gerações de cidadãos e cidadãs que ajudou a formar.

Sinto orgulho por haver estudado no colégio de meu bisavô, dos meus avôs, de meu pai, dos meus irmãos e de meus filhos. Por outro lado, é privilégio maior ser lembrado e receber o carinho de Tia Mundinha, uma das grandes educadoras deste país chamado Mossoró.