sábado, 8 de junho de 2013

"Para você não se esquecer"


Frequento o Colégio Diocesano para deixar ou pegar o caçula. Não consigo traduzir em palavras a felicidade de entrar ali, rever antigos mestres, ex-colegas cujos filhos são amigos de meus filhos, abraçar Tia Mundinha, observar Padre Sátiro orando na capela.

O contato com a escola da infância é sempre aquela festa que, na sexta-feira, ganhou dimensão especial. Tia Edina, professora de meus irmãos mais novos, aguardava-me com uma encomenda e um recado: "Mundinha disse que isto é para você não se esquecer".

Dentro do envelope branco, imediatamente aberto, a cópia xerográfica da página 5 do jornalzinho "Diocesano Informa", onde publicaram o artigo "O Diocesano do meu e de outros tempos", que escrevi há 12, 15 anos, com divulgação também no O Mossoroense.

Textozinho fraco, mas rico em sentimentos que se renovam nas gerações atuais de alunos, característica que o mantém fora da lixeira. Além disso, o carinho de Tia Mundinha, em guardá-lo tanto tempo, dá-me a ilusão de que eu não escrevia tão pior naquela época.

Impossível esquecer o Santa Luzia, 112 anos de juventude. Mesmo se não estivesse ali, em tijolo, concreto e telhas, na Doutor João Marcelino, de frente à praça Dom João Costa, "tudo lá" me parece "impregnado de eternidade", como na evocação de Manuel Bandeira.

Os corredores, as salas, o sino, o pé de manga, o cheiro do café de dona Raimunda, os pátios, as salas, os primeiros alumbramentos, as traquinagens, a humanidade pulsante, enriquecem a arquitetura espiritual das gerações de cidadãos e cidadãs que ajudou a formar.

Sinto orgulho por haver estudado no colégio de meu bisavô, dos meus avôs, de meu pai, dos meus irmãos e de meus filhos. Por outro lado, é privilégio maior ser lembrado e receber o carinho de Tia Mundinha, uma das grandes educadoras deste país chamado Mossoró.



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