Talvez por saber que, em quase um século e meio de
existência, o jornal de Jeremias da Rocha Nogueira sempre cumpriu o seu dever,
vivenciando o espírito de cada época de braços dados com o futuro.
Em 1986, quando cheguei aqui, ainda se utilizavam tipos
móveis na confecção dos títulos e as matérias eram compostas em máquinas de
datilografia elétricas. Esse material ganhava forma depois de recortado com
tesoura, diagramado em papel 40, fotografado numa máquina gigante denominada
fotolito, gravado em chapas de metal sensíveis à luz e impressos no sistema
offset, numa Big Chief 29.
Informações de outros lugares nos chegavam via telex e
somente depois – muito depois – por fax.
Veio a Forma Composer, o microcomputador, a internet,
chegaram os tablets, os celulares, os smartphones, as redes sociais.
Desde 1999, a “folha centenária” se apresenta em ambiente
virtual, primeiro de forma estática, repercutindo o conteúdo impresso. Com a
implantação do jornalismo on-line, o processo inverteu-se: a plataforma de
tinta e papel passou a servir de eco ao que se publicava na rede mundial de
computadores.
Os leitores também mudaram o comportamento. De cem acessos
digitais contra tiragens que atingiam cinco mil exemplares, chega-se à
distância abissal entre as 80 mil páginas virtuais acessadas e os mil
exemplares tirados por dia.
O passo de hoje é necessário e natural, embora pareça tão
ousado e pioneiro quanto o de Jeremias da Rocha Nogueira, naquele 17 de outubro
de 1872.
Tenho orgulho de fazer parte desta história e desta equipe
que testemunha a inauguração de uma nova era para o jovem centenário que não se
assombra com as transformações e não tem medo de evoluir.
Ou alguém acha que deveríamos, por saudosismo, voltar aos
tipos móveis?
“O meio”, já dizia McLuhan, “é a mensagem”. Nosso papel é a
notícia. E o mundo, nosso limite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário