sábado, 4 de dezembro de 2010

Sem crônica
Em dias crônicos não há crônica.

Nem título
Rótulos deturpam o nada.

Muito menos
Ideia que se alinhe na métrica dos parágrafos. Daí, a deselegância, o desalinho, o sem-vontade dos cânticos negros. Não, não vou por aí... Passos meus, onde estão, por que não me guiam?

E
O que se escreve em dia desses? Sonetos de amor, poemas de ódio, notinhas bem-comportadas, textos sacanas?

Fazer
Igual ao papagaio que pensa em voz alta diante da máquina de escrever: em quem baterei amanhã? Em quem baterei amanhã? Em quem baterei amanhã?

Protestar
Contra os algozes do Wikileaks, os diplomatas sem diplomacia pagos por Tio Sam para ridicularizar o mundo?

Silenciar
Por medo dos senhores dos cargos e dos orçamentos, sobre as intenções do Gê de Quatro? Deve ser a idade...

Chega
De interrogações, que já estou de saco cheio!

Contar
Que A Mais Bonita acaba de me telefonar com os vinhos à flor da pele, ouvindo a música do tempo em que o tempo era noite e a noite era a alma e a alma se escondia debaixo dos lençóis talvez faça bem ao ego um tanto quanto baleado, sem chance de defesa, muito menos de ataque.

Gostaria
De me dirigir a Deus, encorajado que me sinto pelas memórias de Gilberto Freyre, com minhas próprias palavras, sem os subterfúgios mal-empregados neste ou naquele texto meio concretista, meio surreal.

Dizer
A ele ou a ela, na dúvida sobre o sexo das divindades, que a culpa das pragas do mundo não é dos ateus, mas dos teus (apesar do desrespeito à lógica gramatical), mercenários do verbo alheio, jagunços de olhos azuis, crentes neles e não nele.

Senhor
Dá-me inspiração. E paciência!

Um comentário:

Sulla Mino disse...

Meu Deus...Estes rabiscos bem traçados, alinhados e fartos, agradeço-te sempre pelas "não ideas" do meu grande amigo...
Sempre um prazer vir fazer uma andança por aqui e sempre desconecto-me com a cabeça "cheia" de, talvez, argumentos e muito o que pensar, pensar...

Bjk Poética