sábado, 6 de fevereiro de 2010

“Pogréssio, pogréssio!”



“Mossoró cresceu, só não vê quem não quer”, diz o velho “silogan” com o qual, meio constrangido pela cegueira de até anteontem, passo a concordar sem pedir reservas. Mudei, todos mudam, nada errado em mudar, em ser tanto quanto Raul Seixas, a metamorfose sobrepondo-se às opiniões formadas sobre tudo, inclusive aquilo que os Demônios da Garoa chamam “pogréssio”.

O causador dessa mudança radical é um panfleto. Isso, um volantezinho de papel cuchê no qual, sobre as metades verticalmente divididas por lençóis, vermelho o da esquerda, preto o da direita, estão duas senhoritas trajadas de lingerie. São garotas de propaganda ilustrando o anúncio da reinauguração da firma cujo nome o departamento comercial me proíbe mencionar.

Recebi-o ali, no Centro, esquina do Pax, a exemplo de muitos transeuntes. George Lumier, ao dar feições arquitetônicas ao cinema construído em primórdios dos anos 1940, certamente não imaginava a que ponto a cidade evoluiria nas décadas posteriores à exibição do clássico americano “Formosa Bandida”, faroeste de Irving Cummings, com Gene Tierney e Randolph Scott.

O “pogréssio” dos lugares se mede pela diversidade dos empreendimentos, sejam nativos ou extraterrenos, novos ou restaurados, industriais ou comerciais. Liberdade para criar mecanismos de elevação do próprio negócio ou do negócio alheio é coisa de metrópole. Nossa terra, acelerada, vive clima desvairado de pauliceia e se afirma na condição de polo-desenvolvimentista.

Os enredos são distintos, mas as formosas bandidas do panfleto, estimulantes naturais do crescimento, lembram anúncios vistos em Londres, Paris, Berlim, Nova Iorque. Coisa de primeiro mundo, eu quis dizer, revelando no município interiorano o espírito da metrópole. Estarei presente na cerimônia de reabertura da empresa. E entusiasmado, pois agora vejo tudo em Mossoró.

Nenhum comentário: