sábado, 19 de dezembro de 2009
Saudade das pirocas verdes
Tornou-se uma espécie de tradição natalina tão importante quanto o peru, a árvore, a estrela, os presentes, o Papai Noel. Sempre no início de dezembro, milhares daqueles seres extraterrenos conhecidos como pirocas verdes vinham ao planeta Terra exclusivamente para visitar Mossoró. Chegavam de mansinho, sem fazer barulho, e, quando se percebia, estavam por toda parte, estacionados nos postes da iluminação pública.
Da primeira vez, em função da surpresa, de alguma dose de xenofobia e do medo, a galera reagiu, mas as pirocas verdes, jeitosas, foram penetrando e passaram a gozar de confiança ampla, geral e irrestrita.
Receberam inclusive as chaves do município das mãos da prefeita e o título de cidadania coletiva outorgado pela Câmara Municipal. Choveram convites para entrar no Rotary, na Maçonaria, para frequentar os bailes da AACDP, o Copão, para se converter ao catolicismo, ao protestantismo, ao espiritismo.
Em 2009, apesar de tantos mimos, as criaturinhas simpáticas não deram as caras. As ruas ficaram sem cor, sem vida. E as pessoas começaram a se perguntar: “O que fizemos de errado?”, “Nossas amiguinhas encontraram outro lugar mais quente e úmido onde se alojar durante o período de festas?”, “Por que não escrevem, não telefonam?”.
A imprensa smurf chegou a especular que a culpa era de setores oposicionistas estimulados pela mídia marrom. Inquilinos do Palácio da Resistência, indiferentes à comoção provocada por um final de ano despirocado, limitaram-se a dizer “está tudo azul”.
A verdade, contudo, acaba de ser divulgada, de forma estarrecedora, em blogs e twitters clandestinos, graças a escutas intergaláticas que a “puliça” fez com autorização judicial nos telefones da Gerência de Cultura.
Diálogos entre expoentes do povo piroca e servidores da repartição revelam que a culpa é dos amarelinhos. Anh!... de quem? Deles mesmos. Ao lerem em Notas da Redação, coluna do jornal O Mossoroense, a notícia segundo a qual os chefes do setor de trânsito haviam orientado seus agentes a botar para quebrar no talonário de multas, os visitantes extragês desfizeram as bagagens e cancelaram a viagem.
Claro, porque estacionar em poste, embora com autorização da Cosern, é crime previsto no artigo 2.424 do Código de Trânsito, pecuniariamente punível. Assim, temendo o prejuízo, além do recolhimento das espaçopenisnaves aos fundos da prefeitura, no famoso carro-guincho de setenta contos, as pirocas verdes deixaram nosso Natal às escuras. Que saudade!
PS: se você não conhece o início da história, vide "A invasão das pirocas verdes".
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