domingo, 9 de novembro de 2008

Memorial


As circunstâncias levaram-me a evocar memórias. As profissionais, somente essas interessavam para compor um documento rotulado “Memorial”, obrigatório em determinadas oportunidades, a exemplo daquela. Gosto de me contar, é bem verdade, gosto de declarar minhas paixões eternas, em parte vividas, em parte inventadas, sempre com a liberdade homeopática de diluir a realidade em oceanos de fantasia, protegido na licença poética das crônicas.

Aprendi com Drummond que o meu coração é muito menor que o mundo, pois “Nele não cabem nem as minhas dores”. Foi também o poeta de Itabira, ao receber de um anjo torto a missão de “ser gauch na vida”, quem me ensinou que por isso gostamos de nos contar, de nos despir, de nos gritar. “Por isso freqüento os jornais”, diz ele, “me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos”, mas sem me descuidar da trama, das leis do imaginário.

As lembranças expostas à claridade, sem um tiquinho de autonomia criativa, perdem a mobilidade. Já dizia Saramago, n’O Ano de 1993: “Quando o sol se move como acontece fora das pinturas a nitidez é menor e a luz sabe muito menos o seu lugar”. Melhor a inquietude da luz em movimento, ressaltando pontos diferentes de imagens diversas, conforme o estado de espírito do observador, do que a palidez estática da nobre absoluta verdade.

Desenhei-me virtudes, pois o instante exigia tal postura. Não sem antes lançar mão de Neruda para alertar os três leitores da nefasta peça, sobre o fato de que “Estas memórias ou lembranças são intermitentes e, por momentos, me escapam porque a vida é exatamente assim”. Escapei por pouco de me dizer humano enquanto cumpria a trágica missão de me dizer super-homem, sem as marcas da noite enorme neste corpo e nesta alma pequeninos.

É preferível correr na inconstância do sol em sobressaltos do que fixar o passo nos trilhos da perfeição, qualidade inatingível, ilusão dos soberbos. Ah, meus amigos, que maravilha respirar a liberdade de me reinventar nas palavras, sem preocupação de sofrer constrangimentos acadêmicos. Eu sou a matemática inexata dos signos da irrealidade que me embriaga o sentido, e essa sensação me deixa altamente excitado, porque a sobriedade é um porre.


2 comentários:

Gilbamar disse...

Meu caro amigo Cid, conversando com meu irmão Gilmar(Secretário da PM Tibau) ele relatou a conversa que teve com você a respeito de meu novo livro(ele ainda não sabia da novidade), dizendo sobre haver afirmado que o livro mencionado por vc seria aquela antigo da Coleção Mossoroense, escrito em 1977. Não é, Gilmar ainda não havia tomado conhecimento da publicação de minha mais recente obra O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ - Trovas, publicado pela Editora Biblioteca 24x7, de São Paulo. Faço essa ressalva para que o amigo saiba que realmente é um novo livro, todo escrito em trovas relatando a derrota de Lampião em nossa querida Mossoró.
Por enquanto o livro está sendo vendido soment através do site da editora, e quem for comprar basta acessar: www.biblioteca24x7.com.br Logo na página inicial o encontrará em meio a outros lançamentos, seguindo então as instruções para a aquisição.
Pretendo lançá-lo em Natal e Mossoró, mas ainda estou procurando algum patrocínio porque o livro custa R$ 32,38 e eu precisarei comprar cerca de 150 volumes para os dois lançamentos. A razão da compra é que no contrato com a editora o livro é vendido através do site dela, ficando para mim um percentual de cada livro vendido. Eu mesmo terei de comprar os livros que quiser vender nos lançamentos. Daí a necessidade de um adjuntório, seja da PM Mossoró, de amigos que o comprem antecipadamente, de comerciantes, etc. Falta conversar com seu primo Gustavo sobre o assunto. Você pode fornecer-me o e-mail dele?
A propósito, gostaria de solicitar a você uma reportagem a respeito do livro(no meu blog tem a capa dele e algo que escrevi para conhecimento dos que me lêem - acesse http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/).
Bom, espero poder contar com você e o nosso velho e querido O Mossoroense para o sucesso de meu livro em nosso Estado.
Não esqueça de acessar o site da editora e o meu blog para melhores informações sobre o livro, ok?
Aguardo notícias no tocante ao tema acima, agradecendo de antemão.

Grande abraço do amigo Gilbamar

Anônimo disse...

No que depender do O Mossoroense, seu livro terá a maior divulgação.

Abraço,

Cid